Tecnólogos lutam pela aceitação em Concursos Públicos

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Pelo portal G1: Os cursos superiores de tecnologia, que formam os chamados tecnólogos, têm crescido ano a ano no país, assim como o número de matrículas de alunos. O mercado de trabalho também tem absorvido essa mão-de-obra – o índice de empregabilidade na iniciativa privada gira em torno de 90%.

No entanto, órgãos públicos ainda resistem em aceitar candidatos com essa formação – muitos editais não prevêem vagas para os profissionais.

Outros, como os da Petrobras, especificam que não aceitam inscrições de tecnólogos. Para o sindicato da categoria, trata-se de preconceito.





Quem se forma como tecnólogo recebe diploma de curso superior, mas não tem título de bacharel. A duração do curso é menor que a do bacharelado – de dois a três anos. O curso é direcionado para o mercado de trabalho e o tecnólogo sai do curso sabendo em que segmento irá atuar.

A Petrobras trouxe em seu último edital do concurso que oferece 2.611 vagas em 60 cargos a seguinte regra: “Para todos os cargos, não serão aceitos cursos de Tecnólogo ou Licenciatura, com exceção do cargo Profissional de Ciências Humanas e Sociais Júnior – Pedagogia, onde é prevista a formação em Licenciatura Plena”. Subsidiárias como a BR Distribuidora e a Transpetro seguem a mesma política da Petrobras.

A empresa justificou, por meio de sua assessoria de imprensa, que “avalia que os profissionais com título de bacharel, por possuírem uma formação mais completa, são aqueles que atendem plenamente às exigências inerentes às atividades da Petrobras. O plano de cargos da Petrobras prevê a contratação de profissionais de nível médio e nível superior para preenchimento dos cargos, não inclui tecnólogos”.

De acordo com Andréa de Faria Barros Andrade, diretora de regulação e supervisão de educação profissional e tecnológica do Ministério da Educação, a iniciativa privada requer muito esses profissionais, mas o movimento é contrário nos concursos públicos. “Muitos são empregados (na iniciativa privada) antes mesmo de terminar o curso”, diz.

Ela atribui a falta de inclusão em concursos ao desconhecimento por parte de quem elabora os editais, à dificuldade dos órgãos em enquadrar esses novos profissionais e ao preconceito do setor público.

Opinião semelhante tem Décio Moreira, presidente do Sindicato dos Tecnólogos de São Paulo. “Uns não colocam os cursos de tecnologia por desconhecimento, outros por preconceito e para descredenciar a formação”.

Segundo ele, muitas vezes nos editais a descrição das atividades de certos cargos contempla que tecnólogos podem concorrer. “Dependendo do cargo ele é tão apto quanto uma pessoa com bacharelado.”

O presidente do sindicato, que também é tecnólogo e professor da Faculdade de Tecnologia, em São Paulo, acha que com o crescimento dos cursos e da formação dos profissionais, a situação deve ser revertida.

“Ainda predomina a cultura corporativista das profissões tradicionais em termos de ocupação de empregos. É uma questão de quebra de paradigma. Os tecnólogos não querem tomar o lugar de ninguém. Eles podem ser menos acadêmicos, mas não são menos teóricos”, defende.

Metrô de SP

Moreira conta que o sindicato intercedeu junto ao Metrô de São Paulo e conseguiu mudar os requisitos para o cargo de supervisor de linha operacional, cujo concurso foi realizado no ano passado.

Antes o edital exigia certificado de conclusão de curso superior completo com bacharelado, e foi depois mudado para certificado de conclusão de curso superior completo para aceitar as inscrições de tecnólogos. “A descrição da função era compatível com a formação em cursos de tecnologia”, diz.
Segundo ele, ao colocar a palavra bacharelado, a companhia não queria aceitar formados em cursos seqüenciais, que duram em média dois anos, mas não são de graduação.

Em relação à Petrobras, o professor da Fatec disse que já foram feitas reuniões com representantes para tentar fazer com que a empresa passe a aceitar inscrições de tecnólogos em seus concursos.

Ele informou que a Associação Nacional dos Tecnólogos, entidade que abrange os sindicatos da categoria nos estados, irá entrar com uma ação civil pública contra o último concurso da Petrobras.

Edital

Décio Moreira diz que o sindicato intercede junto aos órgãos e empresas quando os candidatos se sentem prejudicados por não poderem prestar concurso público. A entidade fica na Praça Coronel Fernando Prestes, 30, Bom Retiro, São Paulo.

Os candidatos podem entrar em contato pelo telefone (11) 3315-8972 ou pelo e-mail tecnologo@tecnologo.org.br. No site www.tecnologo.org.br é possível encontrar informações sobre cursos, legislação do MEC, endereços de outros sindicatos no país, entre outras informações. Os candidatos também podem acessar o site da Associação Nacional dos Tecnólogos (www.ant.org.br).

Segundo ele, quando o edital traz entre os requisitos formação superior em qualquer área ou que englobe os cursos realizados pelos estudantes os tecnólogos podem se inscrever. Mas se o regulamento especificar que não aceita inscrição de tecnólogos ou colocar a palavra bacharelado fica mais difícil reverter a situação.

Andréa lembra que alguns editais pedem nos requisitos a carga horária mínima dos cursos, e isso pode beneficiar os tecnólogos. Os cursos de tecnologia têm carga horária total de 1.600 a 2.400 horas. Já os de bacharelado vão de 2.400 a 7.200 horas.

“Se o curso que o candidato fez tem 2.400 horas e o edital pedir graduação com duração de 2.100 horas, por exemplo, o tecnólogo pode se candidatar”. Para ela, a discussão deve ser feita em cima da qualidade dos cursos, e não da duração.

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  1. 12 respostas to “Tecnólogos lutam pela aceitação em Concursos Públicos”

  2. Por alexsandro Em Nov 1, 2008 | Responder

    sou aluno de tecnologia em telecomunicações em pernambuco na cidade de olinda e concordando com o comentario lido o curso de tecnologia passa por preconceitos que vão ser de inicio muito dificeis de ser que quebrados mais esta luta tem que ser bastante intencificada. esta do lado dos tecnologos e apoio esta luta.

  3. Por Marcelo da Silva Em Mar 17, 2010 | Responder

    Sou Formado Em tecnologia de produção,pela Fatec-Sorocaba, e acho que este assunto tem que ser levado ao congresso nacional,pois é um assunto de extrema importância, e os nossos governantes tem que nos responder se eles mesmos criam os cursos de nível superior de tecnologia e depois não querem nos empregar em organizações governamentais. Porque?????

  4. Por Fernanda Sanches Em Mai 5, 2010 | Responder

    Sou aluna de Gestão Empresarial na Fatec-Americana, faço estágio na Receita Federal e acho injusto não podermos prestar concursos para cargos no setor público, pois viemos de uma unidade estadual, onde há um vestibular concorrido e professores muito bem preparados!

  5. Por MARINA RIBEIRO Em Mai 15, 2010 | Responder

    SOU TECNOLOGA EM ADMINISTRAÇÃO DE PEQUENAS E MEDIAS EMPRESAS PELA UNOPAR- ESTOU INDIGNADA COM A FORMA QUE OS EDITAIS EXCLUEM NÓS TECNOLOGOS. ESTUDO A DOIS ANOS PARA A POLICIA FEDERAL E AGORA TENHO A NOTICIA QUE NÃO PODERA TER VALIDADE O MEU CURSO PARA CONCURSO PUBLICO .TEMOS QUE NOS UNIR PARA QUE NOSSO DIPLOMA NÃO SEJE JOGADO NO LIXO!!!

  6. Por Roberto Dias Em Fev 7, 2011 | Responder

    Caros colegas,

    Informado que pela 2ª vez foi indeferida minha inscrição para prof na ETEC na área de Eletrônica SEM JUSTIFICATIVA.

    Como deve ser de conhecimento de todos fatecanos, o Curso de Tecg. Mecânica de Precisão é da área de Elétrica, mas o Centro Paula Souza parece desconhecer o conteúdo dos seus cursos, discriminando seus próprios egressos.

    Peço à todos que valorizem nossa formação para conquistarmos nosso espaço junto às instituições públicas e privadas do Brasil, assim como já acontece no exterior.

  7. Por Rodrigo Nunes Em Mar 27, 2011 | Responder

    INCOERÊNCIA

    Do que adianta o Sr. Presidente Lula gastar os tubos de investimentos para fomentar a política de criação de cursos de tecnólogos nas instituições federais (IF) se os concursos públicos não aceitam o diploma?
    Caimos em uma incoerência: PARA A ÁREA PRIVADA O PROFISSIONAL SERVE E PARA O PÚBLICO NÃO SERVE?
    Segundo ponto: Esse investimento em cursos tecnológicos foi apenas para atrair investimento estrangeiro? Já que o Brasil é conhecido como um país carente de mão de obra especializada????
    Ou foi apenas para reduzir o valor dos salários dos engenheiros, já que com tecnólogos formados você aumenta o número de mão de obra. E todos sabemos que a lei da OFERTA X PROCURA é que dita o valor dos salários oferecidos no mercado?

  8. Por tecnólogo injuriado Em Abr 22, 2011 | Responder

    (*)São denominações usuais dos cursos de bacharelado da área de Informática: Ciência da Computa-

    ção, Engenharia de Computação, Sistemas de “Informação, Processamento de Dados, Computação, Análises de Sistemas, Informática com ênfase em Engenharia de Informação, Informática com ênfase em Engenharia de Processamento de Dados, Informática com ênfase em Engenharia de Software e outros cursos de bacharelado em Informática, desde que realizados em instituições credenciadas pelo MEC. Não serão aceitos os profissio – nais com graduação em cursos de nível superior, com formação sequencial e tecnológica (tecnólogos).” Esse ai é o edital da marinha disponivel em :

    vai ver pra marinha é melhor no caso do tecnólogo em redes de computadores, que é meu caso, a máxima deles deve ser “melhor ser um pirata que entra pra marinha” (Steve Jobs - Ceo Apple, em Piratas no Vale do Silício).

  9. Por joão Em Mai 30, 2011 | Responder

    Lamentável, absurda, retrógrada e preconceituosa a posição da PETROBRAS.

  10. Por Hugo Em Jul 15, 2011 | Responder

    Bacana foi um amigo meu que passou pra Receita Federal e disse que uma aluna do seu curso preparatório tb passou e sabem com qual curso??? Bacharel em Artes Cênicas!!!!!! É brincadeira….

  11. Por Judair Em Jul 12, 2012 | Responder

    seja o que apóia a criação de mais cursos tecnólogos, SAO UMA!Os formados se lascam, mas não sao reconhecidos!

  12. Por Rômulo Em Ago 18, 2012 | Responder

    O ministério Público de alguns Estados do Brasil estão sendo acionados por estudantes de curso superior sequenciais de formação específica, pois os Conselhos Regionais e Federais de Administração não reconhece essa modalidade de ensino superior, que foi oferecidos por várias instituições de ensino superios. Estamos com causa favorável, temos por exemplo o Estado de Goaís.
    Caros companheiros que terminaram curso superior sequenciais, acionem o Ministério Público de seus Estados.

    Que a justiça seja feita!

  13. Por jader Em Dez 4, 2012 | Responder

    Uma hipótese: para aumentar o número de brasileiros com “nível de escolaridade superior”. Conta ponto pra imagem Brasil lá fora. Outra hipótese: para aumentar o consumo de cursos superiores e o mercado de instituiçoes privadas desse ramo prosperar (mais impostos + mais R$ pro bolso dos donos de inst superiores). Já se vc vai conseguir trabalhar com esse título é problema seu.

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