Filosofia de Boteco 03: Inteligência Social ou Burrice coletiva?

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Hoje vamos filosofar sobre um tema polêmico (sentiram a tensão no título?). Há algum tempo atrás escrevi num blog que tenho, sobre a experiência de visitar o orkut da minha irmã que é 10 anos mais nova que eu. Não pude deixar de notar uma seqüência que se repetia nas fotos, garotos musculos sem camisa e fazendo pose (até certo ponto meio ridícula, mãos debaixo das axilas, ou suvaco se preferir, com os polegares para fora, e colocados para cima) por sinal todos tiravam fotos nessa mesma posição. As meninas tirava foto fazendo biquinho, com a câmera aparecendo (é leitores, de um tempo para cá as câmeras também aparece nas fotos, uma evolução do equipamento…) e fazendo um “V” deitado que eu chamo “V” da vitória torta.

Naquele dia parei para pensar: Porque tanta gente segue o mesmo comportamento grupal? O que se percebe é que realmente vivemos num mundo onde a personalidade, onde o fato de ter um diferencial, e de buscar esse diferencial de cada um é cada vez mais deixado de lado. A massificação ocorre em todas as frentes, as pessoas buscam a necessidade de se agruparem e seguirem modismos, principalmente os mais jovens. Mas existe uma verdade maior para que isso ocorra, e não é muito difícil chegar a uma conclusão… é simplesmente porque é mais fácil ser assim, e o mais incrível é que isso funciona!

Mas uma pessoa deixar de ser “o indivíduo” para ser “algum indivíduo” na lógica direta parece ser roubada, mas se ousarmos pensar por um ponto de vista diferente chegaremos a conclusão de que não tem nada de roubada, pelo contrário. Acho que agora sim ,quem está me lendo deve achar que surtei de vez, mas vou mostrar a vocês com uma analogia que bolei na época:

Supondo que você caro leitor fosse a um supermercado comprar uma maçã, e chegando lá tivessem uns 150 tipos da mesma, com diferentes sabores, cores, texturas, e outras características. Não seria bem complicado escolher uma? Mas o que acontece é que simplesmente você vai no supermercado e tem maçã verde e maçã vermelha, você não vai pensar muito, tem 2 tipos para escolher, e dentro daqueles tipos a que você pegar está de bom tamanho, pois possuem características praticamente iguais.

É mais ou menos assim que a coisa funciona, Patys e Mauricinhos, Góticos e Metaleiros, Pagodeiros e Bregueiros, é muito mais fácil ser notado, ser “escolhido”, assumindo uma característica massificante do que sendo único. Isso é uma estratégia extraordinária… não posso deixar de admirar que tal estratégia seja tão inteligente na sua essência (mesmo que quem a siga dificilmente pense e se dê conta disso).

Nesse contexto, ainda existem aqueles que são capazes de se adaptar ao modismo vigente (mais uma vez minha irmã é um grande exemplo). Se amanhã tirar fotos plantando bananeira virar uma febre, as pessoas logo se adaptarão a isso. Seria isso falta de personalidade? Burrice coletiva e generalizada? Depende do ponto de vista. Uma ex-namorada minha que era psicóloga chamava isso de “Inteligência Social”, ou seja, tudo isso é uma incrível capacidade de se manter em destaque na sociedade, de ser popular não importando a tendência.

Sinceramente, mesmo reconhecendo isso tudo como mecanismos inteligentes, acho que as grandes idéias, as mudanças significativas, vêm quando as pessoas colocam sua pessoalidade(existe essa palavra?) para fora, deixam de ligar para o que os outros pensam, e se colocam a margem do mundo massificado tendo assim uma visão exterior dos acontecimentos. Vamos massificar o diferencial entre todos, sejamos nós mesmos e vivamos isso, pode ser o jeito mais difícil, mas quem disse que o jeito mais fácil de se fazer algo é o melhor?

Alessandro é nerd, bacharel em ciência da computação, estudioso de ciência da religião, filósofo de boteco nas horas vagas e não se dá muito bem com sua irmã mais nova.




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