Filosofia de Boteco de Volta

Desde ontem voltei a publicar minha coluna no opinião web e pra variar comecei com polêmica. Ah quem se interessar vá lá no opinião web e escreva suas notícias ou sobre assuntos que você goste, colabore! Abaixo a reprodução do meu texto publicado.

Filosofando sobre a Pirataria

Estou de volta após férias meio forçadas graças o final de ano e
compromissos profissionais. Mas recomeço logo por um tema muito
polêmico: A chamada “pirataria”.

Vivemos uma nova fase de caça
as bruxas, associações e grandes empresas defendendo seus interesses
fecham o cerco contra a pirataria e pressionam os governos dos Países a
tomarem atitudes enérgicas. Apesar de não haver leis específicas contra
a pirataria digital na maioria dos Países as leis normais de crimes de
roubo, apropriação e direitos autorais são utilizadas para demonstrar a
irregularidade das ações que a grande maioria dos usuários que utilizam
a Internet fazem. Pirataria é crime está na lei e pronto! Hum… não é
bem assim!

Uma análise superficial da história da humanidade
mostra que as transformações que o mundo passa tornam as leis
obsoletas, não preciso ir muito longe, podemos pegar o antigo código
civil brasileiro. Uma das leis criadas nas primeiras décadas do século
XX dizia que um marido poderia pedir anulação do casamento caso
descobrisse na noite de núpcias que sua esposa não era virgem. Essa lei
só foi tirada há poucos anos com a aprovação do novo código civil, uma
lei que se baseava no poder da aristocracia brasileira detentora do
poder café-com-leite e extremamente machista… durou até tempo demais.

As
leis de roubo e que regem o direito autoral foram criadas em cenários
existentes em sua época. O roubo cita o fato que é errado se apropriar
de algo de outro sem a autorização de seu proprietário. O direito
autoral se baseia numa proteção a idéia do seu autor, para que não seja
copiado (no sentido de cópia da sua idéia) e para que este possa
explorar sua produção para ganhar algo em cima dela.

Comparar
baixar um CD na Internet com roubar um CD numa loja é não só uma
idiotice como um mal-caratismo, são questões muito diferentes, uma é
uma questão de ética e convívio problemático com as regras da
sociedade, já o outro caso é uma coisa que as indústrias e muitos
artistas não conseguem enxergar… é um novo paradigma, um novo
processo de chegar a informação, de fazer as coisas.

Há alguns
anos todo mundo achava que uma empresa de Tecnologia da Informação só
podia ganhar dinheiro vendendo seus softwares de “caixinha”. Não
demorou muito e surgiu a pirataria desses tipos de software. Aí eu faço
alguns rápidos questionamentos: Alguém pirateia as soluções do Google?
O Google faz as coisas “de graça” por caridade? O Google é uma empresa
que vale bilhões de dólares porque o pessoal acha bonitinho? NÃO! Eles
perceberam a evolução, a mudança de paradigma e criaram um modelo de
negócio novo e eficiente, transformaram um risco numa oportunidade.

Um
exemplo é quando lembramos do cenário da música, as gravadoras por anos
exploraram os artistas e impuseram um gosto musical a população, sempre
ficaram com a enorme parte dos lucros nas vendas de cds. Vários
artistas sempre disseram que viviam do lucro de seus shows, que estar
ligado a uma gravadora era importante para a divulgação do seu
trabalho, isso era o que gerava convites para shows em todo o país.
Hoje temos uma ferramenta como a Internet que faz com que as gravadoras
se torne obsoletas nesse aspecto deixando as bandas conhecidas, seus
trabalhos facilmente acessíveis, afinal não é por baixar um MP3 que
você vai deixar de ir ao show de um artista que goste.

A menos
que desliguem a Internet ou prendam todos os usuários do mundo esse o
modelo antigo está obsoleto, e se as empresas e pessoas não conseguirem
se dar conta disso elas vão fracassar e aí quem tiver visão será um
“google” na sua área de atuação. É preciso ousar, o ser humano tem um
sério problema de quebrar paradigmas, a maioria das empresas ganha
dinheiro da mesma forma há tantos anos que tem “medo” de apostar de
criar um novo modelo de negócios e com isso ataca um inimigo o qual ela
não pode vencer… a mudança dos “meios de produção”.

Hoje pirataria é crime, mas não são as leis que ditam o amanhã, é o amanhã que dita as leis!

Alessandro
é nerd, bacharel em ciência da computação, estudioso de ciência da
religião e filósofo de boteco nas horas vagas, não é defensor da
pirataria, mas acha que não é remando contra a maré que vamos volta ao
que era antes

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