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Quadrinhos são “coisa de Adulto”

terça-feira, 9 de setembro de 2008


Por anos a fio dando bola apenas para super-heróis que usam cuecas por cima da calça (fiquei com a impressão que essa frase soou meio gay…)  eu resolvi me aventurar por um estilo de quadrinhos que nunca dei muita bola: Os Quadrinhos Adultos.

Basicamente me refiro a linha Vertigo da DC que foca em histórias mais profundas e que geralmente não envolvem Super-Heróis, mas coisas mais diversas. E para iniciar esse processo me interessei pela série Y - The Last Man (ou em português Y - O Último Homem), primeiro porque é escrita pelo ótimo Brian K. Vaughan e segundo porque o plot é bastante interessante: Um mundo repleto de fêmeas onde somente um homem e um macaco sobrevivem a uma praga que aniquila todos os machos da terra.

É interessante como algo que poderia destoar direto para sacanagem e fantasias eróticas de 99,99% dos homens heterosexuais assume um contexto profundo e bem interessante nessa obra, afinal deixando a sacanagem de lado temos que cerca de 85% dos líderes mundias, 95% dos pilotos de avião, 80% dos exércitos são compostos de homens, o que leva a idéia do tipo de colapso e caos que surgiria no mundo se a macharia se acabasse no mesmo instante em apenas poucos segundos.

O personagem que sobra, o último homem chamado Yorick, não tem uma vida fácil embora pudesse parecer a primeira vista. Isso ocorre justamente por que cada mulher tem seus próprios interesses sejam eles financeiros, científicos (porque ele foi o único homem a sobreviver?), políticos e até filosóficos na manutenção ou não de um homem (vivo ou morto dependendo do caso).

Só sei que gostei bastante da história e devo em breve pegar outras séries do tipo para ler, mas claro sem abandonar os bons e velhos super-heróis.

Por sinal a história de Y está sendo filmada e deve resultar em um filme possivelmente em 2009! Aguardem e vejam com seus próprios olhos.

Meu amigo Charlie Brown

segunda-feira, 3 de março de 2008

Os quadrinhos são uma arte como qualquer outra, uma forma de atingir as pessoas, e de colocar os problemas e as concepções humanas em simples desenhos e diálogos. Nesse aspecto talvez nenhum autor tenha conseguido o que Charles Monroe Schultz conseguiu. Schultz criou a série cômica Peanuts e com ela vários personagens carismáticos como Snoopy, Lucy, Linus, Marcy, Patty Pimentinha, entre outros…

Charlie Brown, o meu personagem preferido, foi um personagem inspirado na própria história de vida de Schultz. Charlie a primeira vista é um loser, ninguém o respeita (muitas vezes nem o seu próprio cachorro o Snoopy, nem sua irmã Sally) é péssimo nos esportes e que ama a garotinha ruiva mas nunca tem coragem de se declarar pra ela, poderíamos dizer que é um personagem meio melancólico. A pergunta é como um personagem desse pode ser tão amado, ter originado uma tira que foi publicada de 2 de outubro de 1950 a 13 de fevereiro de 2000. Não é um mistério tão grande descobrir isso.

Charlie Brown vive não as simples angústias de uma criança, mas de qualquer ser humano como eu ou você, que buscamos uma identidade, sermos amados no nosso dia a dia por nossos familiares e amigos, que buscamos um objetivo pra acordar todo dia de manhã e não pensarmos que é apenas mais um dia como qualquer outro. O grande detalhe é que ele aguenta tudo que passa, as pessoas o machucam e na maioria das vezes não se dão conta disso, mas ele está sempre tentando fazer o melhor.

Como achar pessimista um personagem que apesar de perder todos os jogos de baseball sempre tenta motivar os companheiros que pode ser diferente dessa vez, ou que caindo uma tempestade no dia do jogo é o único jogador a comparecer e mesmo debaixo de chuva espera que seus amigos não o deixem na mão (e eles o deixam).

Sim Charlie Brown é aquele cara que acredita nas pessoas, que o amanhã pode ser diferente, que dessa vez a Lucy não vai tirar a bola da marca antes dele chutar a bola. Se você quer chamá-lo de perdedor por isso, então ser perdedor não é tão ruim…

Quem nunca teve sua garotinha ruiva, que atire a primeira pedra, um amor inocente, um sonho, aquela pessoa que te cativa com o olhar, mas que você tem medo de se declarar e de quebrar aquele encanto. As vezes me pergunto se as “garotinhas ruivas” não têm mesmo que ficar intocadas por nós, para que toda aquela magia nunca se perca.

Charlie Brown seria aquele cara que seria seu amigo e você não se daria conta da sua importância, até que ele te fizesse falta… e que falta faz, dia 13 de fevereiro fez 8 anos sem novas tiras… com a morte de Schultz sua família julgou que ninguém poderia continuar o seu legado, e concordo com isso, ninguém mais teria talento pra passar os dilemas do mundo através do pensamento de crianças (e de um cachorro) como Schultz fazia.

Quando era pequeno fui tocado pela sensibilidade desse incrível desenho (sim pra quem não sabe Peanuts foi animado, e teve vários especiais vencedores de Grammys). Um desenho simples com personagens cativantes e que não tratava as crianças que o assistiam como idiotas. Esse desenho é realmente uma das coisas que marcam minha infância. É engraçado, sempre me achei muito parecido com o Charlie Brown, cercado de pessoas mais só, taxado de pessimista, mas na verdade no meu interior sempre fui um otimista de carteirinha. E aprendi uma coisa, se tivessemos mais Charlies Browns no mundo, viveríamos num lugar muito melhor.

Obrigado meu amigo Charlie Brown.

charlie