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Feito em Casa: A introdução ao desenvolvimento de jogos

terça-feira, 10 de junho de 2008

Os Jogos “caseiros” e outros aplicativos que são criados para serem utilizados em plataformas portáteis ou vídeo-games são conhecidos como Homebrews. A idéia da coluna “Feito em Casa” é com nossas conversas semanais, dar dicas e passar conceitos importantes para que você leitor, seja capaz de criar seus próprios homebrews para sua plataforma game favorita.

Minha experiência com jogos é praticamente acadêmica, mas já desenvolvi jogos para diferentes plataformas (PC, celular e Nintendo DS) e em diferentes linguagens de programação (C++, Java e até Assembly) por isso acredito ter experiências muito interessantes para passar para vocês nessa área.

Pensei em várias formas de como iniciar essa coluna e como tentar ser o menos chato e técnico possível, mas cheguei a conclusão que é impossível iniciar nossa espécie de “curso” sem que o conceito de plataforma seja bem compreendido por todos.

No geral qualquer plataforma, seja ela um vídeo-game, um pc, um celular, possuem uma estrutura básica:

1 - Uma arquitetura física, ou seja um conjunto de componentes eletrônicos organizados de forma a realizar operações e realizar eventos físicos (por exemplo: tocar um som, exibir algo na tela).

2 - Um software básico, que permite uma camada de “abstração” (isso será um dos temas de uma futura edição desta coluna) fazendo com que não precisemos nos preocupar com os dispositivos eletrônicos, esse software condensa as operações que podemos usar, em computadores estes são chamados de sistemas operacionais. (por exemplo: toqueSom(temaPersonagem), exibaNaTela(personagem, posicaoX, posicaoY) )

Em cima dessa plataforma temos outros softwares, que rodam sobre os sistemas operacionais descritos acima, utilizando suas funcionalidades para um devido fim, aqui entram os jogos e os aplicativos.

Como podem ver fica difícil partir para os jogos direto, sem entender toda a estrutura por trás e outros conceitos que vêm associados a esta como limitações, kits de desenvolvimento e linguagens de programação. Todos esses temas serão melhor abordados no decorrer de nossa coluna, hoje vamos iniciar pela questão de como a plataforma influência no desenvolvimento de um jogo.

Quando eu era criança, no auge dos vídeo-games de cartucho, eu acreditava que um cartucho de Mega-Drive não rodava em um de Super Nintendo apenas porque os formatos não encaixavam. Não entendia que além disso ambos eram arquiteturas de hardware completamente diferentes, feitos de componentes diferentes, e com instruções de hardware diferentes.

Quando pensamos em desenvolver um jogo precisamos pensar em que plataforma iremos rodar o nosso jogo, ou se ele será um jogo multiplaforma. Existem duas formas de fazer um jogo para diferentes plataformas:

- A primeira é desenvolver ao mesmo tempo o jogo para todas as plataformas que o jogo vai ser lançado. Essa realmente não é uma abordagem muito usada porque encarece muito o desenvolvimento já que aumenta considerávelmente o número de pessoas que trabalham no jogo. É mais utilizada quando trabalha-se com plataformas muito diferentes (o que ocasiona jogos distintos e completamente diferentes), por exemplo, um jogo que sairá para PS3 e Nintendo DS. Neste caso geralmente as empresas tercerizam o desenvolvimento para a plataforma mais simples.

- A segunda é desenvolver para uma plataforma e no fim fazer um port (porta o código) para a outra plataforma. É a forma mais barata e utilizada para plataformas com um poder de processamento e características semelhantes. A desvantagem é que o jogo sempre ficará melhor na plataforma específica em que foi desenvolvido, pois seu código foi escrito para tirar toda a potencialidade do hardware daquela plataforma.

Como o objetivo aqui é demonstrar como podemos contruir nosso próprio jogos, vamos nos concentrar no desenvolvimento para uma plataforma específica já que isso torna o desenvolvimento mais simples.

Na próxima coluna vamos escolher a plataforma na qual vamos construir o nosso jogo e discutir que conceitos e idéias são importantes termos em mente antes de iniciar o desenvolvimento para valer, resumindo: Vamos começar a falar de Game Design.

Até a próxima.

PS: Essa coluna é colocada nos fins de semana no Video Games Boulevard e dois dias depois é colocada aqui.

Meu vício em games

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Nos longíquos tempos da década de 80 eu era apenas um pequeno ser humano descobrindo o mundo. Tímido, introspectivo, que usava óculos e era zoado pelos coleguinhas de colégio. Que talvez hoje fosse um psicopata que entrasse em universidades com semi-automáticas na mão para mostrar seu apreço e amor a nata da humanidade. Mas não sou, pois os games me salvaram!

Meu primeiro contato com um videogame foi em 1987, eu tinha apenas 6 anos e minha prima tinha ganhado um Atari. Daquele dia em diante a casa da minha prima, que eu não gostava pois vivíamos brigando, se tornou meu lugar favorito. Nem lembro quantas horas perdi jogando boxe, pescaria, polícia e ladrão (Keystone Kepers) entre outros.  No ano seguinte eu veria um Master System e mais uma vez meu olhos brilhariam, mas nada havia me preparado para o que viria alguns anos depois…

Em 1991 já começavam a existir as chamadas “locadoras de videogame” locais onde você pagava para jogar por hora (hoje o mais parecido com isso são as Lan Houses, embora acredito que ainda existam resquícios de locadoras de videogame por aí). Lembro que como não tinha grana para ter meu próprio videogame, nem muita grana pra gastar jogando, tinha meus próprios artifícios. Minha mãe comprava passe estudantil pra mim e me dava um dinherinho para o lanche, eu usava o passe para comprar o lanche, o dinheiro para jogar videogame e passava por baixo na catraca mesmo com a cara feia dos cobradores de ônibus e enquanto deu, ou seja meu tamanho deixou, eu fiz isso.

Foi nessa época que ao entrar na locadora vi uma grande novidade, um Mega Drive e na mesma hora que entrei, a pessoa que jogava estava saindo do estágio de bônus de Sonic… todos aqueles efeitos, aquelas cores, aquela música, a tela girando, foi um momento mágico, que como podem ver por esse post, eu nunca esqueci e nem esquecerei. Daquele dia em diante minha paixão por jogos só aumentou e eu fui me tornando um viciado, chegava tarde em casa (e levava bronca da minha mãe) mas pelo menos minhas notas nunca ficaram ruins (acho que a sorte é que não tinha um videogame em casa).

Os anos passaram, ao 13 anos vendi uma carteira linda que tinha ganho de presente de aniversário por uma mixaria para ter dinheiro para jogar. E ali sozinho percebi que estava indo longe demais, daquele dia em diante comecei a maneirar e o vício virou apenas uma diversão que não mais afetava minha vida. Somente em 1997 eu fui ganhar o meu primeiro videogame, o já superado para época Mega Drive, mesmo assim ainda me divertia bastante. Principalmente jogando com meu amigo Henrique na locadora do pai dele, quantos duelos, lembro das vezes que fechamos a locadora, arriamos as portas e lá dentro fizemos vários e inesquecíveis campeonatos de King Of Fighters e Samurai Shodow.

Mas o tempo passou, universidade, trabalho, responsabilidades… Hoje tenho um Nintendo DS, um Gamecube, pretensões de comprar um PS3… mas não tenho tempo para jogar e pior que isso é que não tenho mais a mesma paciência de outrora. Hoje em dia o jogo tem que ser muito bom pra me manter muitas horas em frente a TV, o último com esse mérito foi Resident Evil 4, mesmo assim não conseguia passar mais do que 2 horas e meia seguidas jogando. As vezes fico tentanto entender esse fenômeno, o que mudou… o PS3 será minha última tentativa de talvez resgatar aquela inocência, aquele sentimento de olhar um jogo e ficar de boca aberta, de desafiar o tempo e os inimigos virtuais sem pensar em contas, em projetos, no prazo do sistema,  cara feia e má vontade de clientes e usuários, falta de educação das pessoas na rua, insegurança na cidade, etc.

E ainda dizem que jogos incitam a violência…